Tal como a outra história, esta também tem os seus erros e gostaria de mudar algumas coisas que futuramente ei de fazer, pois também não está exactamente como quero :P
Capítulo I "O Início"
Estava uma manhã escura e gelada em San Diego, conseguia ver a minha respiração no ar enquanto murmurava para mim própria. Estávamos em Setembro, as aulas muito em breve iriam começar, saí de casa a pedido de minha mãe para comprar pão. Era o mesmo todos os dias, tinha de me levantar sempre para ir buscar algo, já estava mais que habituada. Entrei no supermercado que havia quase ao lado da minha casa, as luzes fortes fazia com que os meus olhos se fechassem, ainda não estava bem desperta. Peguei no pão e dirigi-me para uma das caixas, estavam duas mulheres a conversar, deviam ser daquelas que falam de tudo e sabem de tudo e em vez de trabalhar metem-se à conversa, que incompetência. Não dei importância e fui para outra caixa, ao ir-me embora elas decidem chamar-me. - Desculpe, pode vir aqui se faz favor? – chamou a empregada da caixa. - Diga… - fiquei parada diante delas, fintaram-me com os olhos bem abertos e depois abanaram com a cabeça. - Tem cuidado… - Desculpe? Agora tinha ficado confusa. - Tu encaixas no perfil dos adolescentes que andam a ser mortos. Tens 16 anos certo? - Ainda não, só os faço em Outubro. Mas…Andamhaver mortes? - Sim, ainda ninguém descobriu quem, mas são sempre adolescentes com as idades entre os 15 e 17 anos, por isso tem muito cuidado. - Bem…Obrigada e um bom dia. – saí a correr dali. Não queria acreditar, havia adolescentes a ser mortos e eu não soube de nada, a minha mãe não tinha me dito nada, assim que chegasse a casa iria lhe perguntar o porquê. Mal cheguei a casa entrei pela sala a dentro, pondo o pão à sua frente fiz-lhe um olhar assassino. - Que se passa filha? Que olhar é esse? - Andam adolescentes a serem mortos e não me dizias nada? – resmunguei - Mas…Eu não sabia de nada filha… - Não és tu que vês todas as noites as notícias? Devias saber, pensei que saberias… - Não…andei atarefada com o trabalho, mas é verdade? – perguntou alarmada - Pode ser como pode não o ser, foram umas empregadas do supermercado que me disseram. - Muito bem então, hoje à noite vemos as duas as notícias para confirmar se é verdade ou não e por enquanto para tua segurança ficas o resto do dia em casa. - Mas Mãe! Queria aproveitar os dias antes das aulas começarem! - É para a tua segurança Mirian! - Ok! Se vou ficar trancada o resto do dia no meu quarto, não me incomodes! E já disse para me chamares Mia. Saí da sala e lentamente subi para o meu quarto extremamente aborrecida. Não iria ficar ali, nem pensar, não iria desperdiçar os meus últimos dias presa no meu próprio quarto. Por sorte vivia numa vivenda e na minha janela tinha uma grande árvore onde podia descer e escapulir-me. Muito devagar abri a janela e desci cuidadosamente pelos ramos da árvore, por fim aterrei no chão, saltei o muro e fui em direcção a casa do meu melhor amigo. Caminhava no passeio que estava extremamente em mau estado, o que me fez quase cair, a luz dos candeeiros ainda brilhavam intensamente parecia de noite e não uma normal manhã. Como era habitual quando cheguei a casa dele ia para trás da casa onde ficava o seu quarto, subia sempre por umas escadas que ali estavam, ele já sabia que eu vinha, tinha essa sensação. Quando subi vi-o na varanda deitado a ouvir musica, pulei para cima dele e ele assustou-se de imediato o que me fez rir imenso. - Mia! Fazes sempre isso, nem sei porque me surpreendo – disse a sorrir - É divertido assustar-te e estava tão entediada fechada no quarto que vim parar aqui – disse ainda a rir - Fechada no quarto? Que aconteceu desta vez Mia? - Disseram que anda a haver mortes de adolescentes entre os 15 e 17 anos, como eu não sei estar calada a minha mãe ficou a saber e disse-me para eu ficar em casa em segurança. Se soubesse não teria dito nada. - Sim, mas mesmo que te fechem em casa consegues sempre fugir, não é? – disse ele olhando para mim a sorrir - Claro! Não gosto de me sentir presa, gosto de liberdade. E tu estás seguro né?! Já tens 18 anos, sortudo… Nem sei como tens uma amiga tão nova como eu. - Não digas disparates, conhecemo-nos desde pequenos, adoro-te tal como és e somos melhores amigos não é?– perguntou mostrando a pequena cruz no braço - Claro! Para sempre! – disse eu também mostrando a minha pequena cruz que situava no mesmo sítio que a dele. Tínhamos a feito quando eu tinha completado 14 anos, sem ninguém saber um primo dele fez-nos esta tatuagem, se a minha mãe descobrisse acho que entrava em parafuso. Queria que a nossa amizade fosse eterna e que algo simbolizasse o que somos, naquela altura ele tinha adorado a ideia mas agora parecia-me diferente, distante. - Passa-se algo? – perguntei curiosa - Porque perguntas? Odiava quando ele respondia às minhas perguntas com perguntas. - Odeio-o quando fazes isso! - O quê? – perguntou confuso - Responderes às minhas perguntas com perguntas. Parece que se passa algo contigo, andas distante e vejo-te sempre muito em baixo. - Não te preocupes Mia, não se passa nada – disse a sorrir - Sabes que eu sei quando estás a forçar um sorriso não sabes? – olhei para ele desconfiada. - Pronto ok. São problemas aqui em casa nada de mais. É o normal… - Voltas-te a discutir com o teu pai? - Sim… mas não te preocupes. É melhor voltares para casa, são quase horas de almoçar. - Ah bolas, pois são! – exclamei alarmada a olhar para o relógio que ele tinha no pulso - Vai com cuidado! – gritou enquanto eu descia pelas escadas - Sempre! – gritei aterrando no chão. Corri até casa o mais rápido que consegui, se a minha mãe descobrisse que tinha saído de casa estava feita e o pior seria ela por umas grades na minha janela. Nem queria pensar nisso. Assim que cheguei as traseiras da minha casa, apanhei um susto de morte, ela já estava ali a olhar para mim imensamente zangada. Bonito, agora é que eu não me ia safar. - Menina Mirian Spirit Moonshine! – gritou ela. Ali não vinha coisa boa, sempre que diz o meu nome todo é porque está completamente furiosa. - Sim… - disse eu baixo, quase inaudível - Eu não te avisei para não saíres de casa? Não sabes o quanto fiquei aflita quando não te encontrei no quarto!– continuava a gritar - Eu só fui ter com Mathew, ele não vive longe daqui - Mas desobedeceste-me! Entra já em casa e prepara-te para o castigo! De cabeça baixa, entrei em casa a resmungar. - Porque nunca fazes o que te digo Mirian? – disse-me desta vez mais calmamente. - Já te disse para me chamares Mia e eu apenas queria ver o meu melhor amigo. - Ele podia vir aqui, não havia necessidade de desobedeceres-me! E até começarem as aulas ficas em casa e sem veres ninguém! E quando digo ninguém, é mesmo ninguém! - Mas… - Mirian estou a falar a serio e vais dormir no quarto de visitas - Mas porquê? Aquilo cheira a mofo, a velho – resmunguei impaciente - É o único quarto que tem janelas pequenas para que não possas fugir, agora vai e leva as tuas coisas. Eu vou fazer o almoço. Virando-me as costas caminhou até a cozinha, preparava-me para começar a gritar mas já não valia a pena.
***
Duas semanas fechada no quarto, estava a dar em louca não aguentava estar ali tanto tempo fechada, por fim hoje era o primeiro dia de aulas. Iria ver o meu melhor amigo finalmente, apesar de estar feliz não me apetecia nada de ter escola novamente, nem alunos novos na minha turma. Preparava-me para ir quando o meu telemóvel começou a piscar, Mathew estava a telefonar-me. - Hey! - Mia, nem vais acreditar! - Que se passa? – perguntei alarmada - Afinal chumbei o ano e fiquei na tua turma! - A sério? Não acredito! - Estou a fala a sério! Olha, tenho de desligar, vemo-nos na Escola! Até já. -Mas… Desligando o telemóvel saí de casa gritando adeus à minha mãe, correndo para a garagem montei na minha mota a arranquei para a escola, queria perceber porque chumbou novamente, e claro que eu queria comigo ao meu lado, mas assim ele ficava extremamente para trás na escola. Quando cheguei a escola havia imensa gente nova, olhavam para mim de alto a baixo, eu odiava profundamente isso. Tentei procurar por Mathew, apenas tinha de ver alguém altíssimo e com óculos pretos, mas não o via em lado nenhum. Mandei-lhe uma mensagem, não me respondeu, provavelmente tinha discutido com o pai novamente de certeza e isso fez com que eu começasse a ficar realmente preocupada. Entrei para a sala e sentei-me na terceira mesa da fila das janelas, sentei-me na mesa vaga e fiquei a pensar no que poderia ter acontecido a Mathew. De repente alguém bate à porta, entrava ele pedindo desculpa e sentou-se atrás de mim. - Que te aconteceu? – olhei para o seu olho negro. - O habitual… - Porque não te sentaste ao meu lado? – perguntei tentado mudar de assunto - Não sei se reparas-te mas já está alguém sentado a teu lado – disse com um ar divertido. Olhei rapidamente para meu lado, realmente estava um rapaz com cabelos negros curto e uma franja que caia sobre os seus olhos para um lado e os seus olhos castanhos quase amarelos eram surreais. Fitava-me sorrindo. Tinha estado tão preocupada que nem tinha dado por ele. - Mas eu queria ficar a teu lado! – resmunguei olhando para o rapaz novo chateada e depois para Mathew.
- Menina, podia virar-se e manter-se calada? – perguntou a professora ajeitando os seus óculos fundo de garrafa. - Desculpe… Voltei-me e baixei o olhar para o meu caderno, o rapaz que estava a meu lado apenas sorria, parecia rir-se de mim e começava a irritar-me profundamente. - És extremamente divertida e um pouco idiota – disse-me sorrindo - O quê? – exclamei eu chateada - Sim Mirian, ouvis-te muito bem – dizendo isto olhou-me nos olhos e aproximou-se do meu rosto ainda a sorrir, desviei a cara para o lado. Aquilo fez-me arrepios e o meu coração acelerar. - Como sabes o meu nome? – perguntei tentando que a minha voz não tremesse. Não me respondeu. - E como te chamas tu já agora! – disse indignada - Mazloth ao teu dispor – disse a rir - Tu és i-rri-tan-te! – disse soletrando cada sílaba para que ele percebe-se bem o que eu queria dizer. Mas ele apenas ignorou-me novamente e continuo assim o resto da aula.
***
Assim que deu o toque de saída, levantei-me tentando passar pelo o idiota que estava ao meu lado e fui ter com Mathew a sorrir. “Vais te arrepender por seres amiga dele”, ouvi de repente dentro da minha cabeça quando me aproximei de Mathew. O que tinha sido aquilo? “Mathew não é quem pensas que é”. Mas o que estava a acontecer? Olhei em volta, ninguém estava a meu lado o suficiente para dizer isto, devia ser a minha imaginação. - Estás bem Mia? – perguntou Mathew confuso a olhar para mim - Sim claro, mas agora vais me explicar o porquê de teres chumbando novamente! - Mia… - Não me venhas com Mia, assim vais ficar muito atrasado, não quero que fiques para trás por minha causa. - Não tem importância a sério, vá vamos comer qualquer coisa? - Vamos – disse eu tentado sorrir. Pegou na minha mão a sorrir e puxou-me até entrarmos dentro do bar, quando entramos reparei que não tinha dinheiro suficiente para comer. - Deixa estar, eu compro-te algo. – disse Mathew a sorrir, tinha reparado que estava sem dinheiro. - Sempre que não tenho dinheiro pagas tu, não é justo, não gosto que gastes dinheiro comigo. - Não me importo e não vais ficar o dia todo a passar fome – olhou-me com um ar repreensor. Comprou-me um pão cheio de queijo, como eu adorava, já me conhecia o suficiente para saber os meus gostos. Conhecemo-nos desde crianças, quando o conheci ele era uma criança muito só e anti-social, estava sempre sozinho num canto. Até que eu apareci, ele estava prestes a cair das escadas do baloiço para crianças mais crescidas, a queda era fatal, eu por sorte estava ali e salvei-o. Desde aí ele falou sempre comigo e andava sempre atrás de mim, mas nunca falava com os outros, apenas comigo. Tinha eu quatro anos enquanto ele tinha seis anos. Depois crescemos, ele ficou maior e foi a vez de ele tomar conta de mim. Sempre nos protegemos um ao outro, os nossos pais tornaram-se amigos e viveram vivendas perto um do outro para que nós não nos separássemos. Assim que vim para esta escola ele estava também e tinha chumbado umas quantas vezes apenas para ficar na minha turma, o que me incomodava pois fico preocupada com os estudos dele. Eu tinha 13 anos nessa altura e foi aí que me apaixonei pelo meu melhor amigo, há 3 anos que o amava mas nunca lho disse pois não queria estragar a nossa amizade. - Mia? Tu hoje andas a viajar muito, que se passa? – perguntou-me com curiosidade. - Não é nada, vamos nos sentar e comer. Saímos do bar e fomos nos sentar nuns bancos ao pé do campo de futebol. Mazloth estava com um grupo de rapazes no campo de futebol a rirem-se. Até de longe me parecia idiota, não liguei e virei-me para Mathew. - Então…E namoradas? – perguntei curiosa, ele desde que me conheceu apenas teve uma mas acabou com ela em menos de uma semana. E também queria ver a minha concorrência. - Sabes bem que se tivesse contava-te. - Então é um não? - Sim, é um não – disse divertido. Ri-me também. - Então e tu? Namorado…? – perguntou sorrindo maliciosamente. - Não tenho nenhum… - disse super atrapalhada. - Hum… - É verdade! – exclamei eu - Ok, ok – desatou-se a rir. - Ah, é verdade hoje são os teus anos não é? - É amanhã tonto, hoje é dia 15 de Setembro – ri-me - Ah…Desculpa, confundi. Mas não interessa, tenho aqui um presente para ti. Começou a remexer na mochila e de lá tirou um saco super pequeno que cabia na palma da minha mão. - O que é? – perguntei feliz e curiosa - Abre e vê. Abri o pequeno saco com cuidado e de lá tirei um colar maravilhoso, tinha apenas um fio preto e uma peça que parecia duas asas como as dos anjos, era lindo. - Mathew…É lindo! – exclamei maravilhada. - Ainda bem que gostas-te, deixa-me pôr-to. Agarrei no meu cabelo e virei-me de costas para ele, com cuidado colocou-me o colar e sorriu para mim. Não me cansava de olhar para o colar, era lindo, até parecia que brilhava quando olhava para ele. - Obrigado Mathew, a sério! É lindo, adorei! Ele apenas sorriu. Tocou novamente para a entrada, segurei no braço de Mathew e fomos para a sala. - Agora ficas a meu lado sentado na mesa! – disse eu chegando à sala. - Claro – disse sorrindo. Entramos dentro da sala, sentei-me mas quando Mathew ia para se sentar a meu lado aparece o idiota e senta-se de imediato. - Mas…Que raio! Saí daqui! O Mathew ia se sentar! – gritei-lhe furiosa. - Agora já estou sentado – disse Mazloth a rir. - Não te preocupes Mia, na outra aula ficamos juntos – e sentou-se à minha frente. - Eu odeio-te! – exclamei furiosa a Mazloth. Não me respondeu e começou a assobiar, aquele rapaz começava a irritar-me a sério. Sempre a intrometer-se na minha vida e nas coisas que faço. “Eu avisei-te, vais-te arrepender!” Aquela voz arrepiante novamente na minha cabeça, não percebia o que era aquilo e o que queria dizer. Devia ser apenas a minha imaginação por causa do stress que aquele idiota me causa. Nas outras aulas apenas em uma consegui sentar-me ao lado de Mathew, ainda bem que o idiota não sabia onde era a sala de História, mas infelizmente nas outras fiquei com Mazloth. No fim das aulas despedi-me de Mathew que ia a uma consulta e fui a pé para casa, eram apenas sete horas da noite e já estava escuro como o breu. Para poder chegar mais depressa a casa, apanhei um atalho e cada vez ficava mais escuro, estava a começar a ficar assustada mas foi aí que vi. Uma rapariga loura de cabelo curto, estava de pé a olhar para o céu com um ar triste. Naquela imensa escuridão ela quase que parecia brilhar, radiava luz pelo seu corpo todo. Mas quando notou a minha presença virou-se de repente e olhou-me com um olhar assassino. Os seus olhos eram verdes-escuros, mas o que me espantou mais fora a sua tatuagem de uma asa que percorria o ombro terminando no pulso.